Burquina Faso/Hauts-Bassins - Educação: A escola primária bilingue de Dafinso cultiva conhecimentos e legumes
Situada a 18 quilómetros de Bobo-Dioulasso, a escola primária bilingue de Dafinso distingue-se a vários níveis. Para além do ensino em francês e dioula, a escola utiliza soluções endógenas para melhorar a alimentação dos seus alunos. Graças a uma horta nutritiva, a cantina da escola é abastecida com legumes e cereais produzidos localmente.
Esta horta, implantada numa área cercada por uma vedação metálica, ocupa 900 m², divididos em várias parcelas rectangulares, separadas por caminhos bem cuidados. Em maio, os pepinos estão completamente maduros. "Dentro da horta, cultivamos uma variedade de culturas: pepinos, feijões, amendoins, azedas, espinafres, algumas plantas de moringa, bem como folhas chamadas borombourou e win-win na língua local", explica Rachelle Traoré Kam, diretora do estabelecimento. Ela recorda que os primeiros beneficiários desta iniciativa são os alunos. "O objetivo é melhorar a cantina da escola. E se a colheita o permitir, vendemos o excedente no mercado local para fazer economias e comprar material didático. Todos estão envolvidos, alunos, professores e parceiros, nomeadamente a Associação de Pais (APE) e a Associação de Mães Educadoras", acrescenta.
A horta não se limita a fornecer alimentos. Tornou-se um instrumento pedagógico. "Nas aulas de geometria, vimos observar as dimensões dos rectângulos. Em ciências, quando estudamos plantas jovens ou partes de plantas, os alunos aprendem no terreno", continua a diretora. Face aos ataques de insectos às suas culturas, a escola está a considerar a utilização de insecticidas naturais para o próximo ano letivo. "As duas primeiras colheitas não tiveram qualquer problema. Estou muito satisfeita, especialmente com a colheita de pepinos, porque é a nossa primeira tentativa e foi bem sucedida", confessa entusiasmada.
Para Tahirou Sanou, presidente da Associação de Pais (APE), a horta está a ter um impacto tangível na alimentação das crianças. "A APE apoia ativamente a horta: ajudámos a cortar as parcelas. As crianças estão motivadas para trabalhar lá e as suas refeições são agora mais variadas e mais ricas", explica. No entanto, a irrigação continua a ser um desafio. "Estamos a pedir a ajuda de pessoas de boa vontade para melhorar o acesso à água, especialmente durante a estação seca. Assim, as crianças poderão cultivar durante todo o ano sem preocupações", apela.
Ensino bilingue
A escola primária de Dafinso tem um currículo bilingue. As aulas são dadas em dioula e francês, mas o ensino começa na língua materna. O ciclo primário tem a duração de cinco anos, contra seis nas escolas convencionais. "Do primeiro ao terceiro ano, o ensino é principalmente em Dioula. O francês é introduzido gradualmente a partir do terceiro ano. Isto permite que os alunos compreendam melhor os conceitos e se exprimam mais facilmente. Conseguem competir com os das escolas francófonas tradicionais", explica Seydou Teignan, professor do 3. Este supervisor bilingue da Dafinso salienta que, para o ano de 2023/2024, a escola alcançou uma taxa de sucesso de 100% no CEP. A escrita e a leitura são administradas na língua do exame. Apesar destes resultados, algumas famílias continuam cépticas, acreditando que o francês deve ser aprendido mais cedo. É um desafio que a equipa docente continua a enfrentar com pedagogia e convicção.
Um modelo pedagógico apresentado aos jornalistas
Foi no âmbito de uma caravana de imprensa organizada pelo Club des journalistes et communicateurs pour la nutrition et la sécurité alimentaire (CJCN-SA), com o apoio da cooperação alemã para o desenvolvimento, que a escola foi apresentada aos jornalistas.Com o apoio da Cooperação Alemã, cerca de vinte jornalistas de vários meios de comunicação visitaram a horta nutricional da escola primária bilingue de Dafinso. Esta imersão permitiu-lhes descobrir soluções endógenas de luta contra a malnutrição, implementadas num quadro educativo.
Através desta iniciativa, a escola está a mostrar que é possível combinar aprendizagem, segurança alimentar e desenvolvimento de recursos locais. A experiência de Dafinso foi admirada por jornalistas que testemunharam a colheita de legumes no local. Eles acreditam que este exemplo pode inspirar outras escolas em áreas rurais a melhorar a nutrição dos alunos.
Fonte: lefaso.net/