Gabão/Promover a agricultura local: uma via para a autonomia alimentar e o desenvolvimento económico no Gabão
Perante a crescente insegurança alimentar, o elevado consumo de produtos importados, como aves de capoeira e outros alimentos congelados, e a excessiva dependência dos países irmãos e amigos, é crucial repensar a nossa abordagem à agricultura no Gabão. Os jovens e as comunidades têm de ser encorajados a utilizar as suas férias escolares de forma produtiva, envolvendo-se em actividades agro-pastoris. Eis como e porquê.
Luta contra a insegurança alimentar
A insegurança alimentar é um problema grave que afecta muitos países, incluindo o Gabão. Para a combater, é essencial promover a autossuficiência alimentar através do desenvolvimento de actividades agrícolas locais. Ao encorajar os jovens a envolverem-se na agricultura, podemos aumentar a produção local de alimentos, reduzindo a dependência das importações e garantindo uma dieta mais saudável e acessível a todos os gaboneses.
Reduzir o consumo de produtos importados
O consumo excessivo de produtos importados, nomeadamente aves de capoeira e alimentos congelados, tem um impacto negativo na nossa economia e na nossa saúde. Ao desenvolver explorações pecuárias locais e produzir alimentos frescos, podemos oferecer alternativas saudáveis e económicas a estes produtos. Isto não só cria empregos locais, como também estimula a economia rural.
Estimular a vocação agrícola com projectos estruturantes
Para incentivar e apoiar estas iniciativas, propomos a introdução de projectos e conceitos inovadores, tais como
1. Cooperativas agrícolas: Criação de cooperativas de exploração da terra. Qualquer cooperativa que explore pelo menos 3 hectares de terra poderá beneficiar de um apoio sistemático do Estado. Este apoio incluiria
- Apoio técnico: acesso a peritos agrónomos para aconselhamento sobre as melhores práticas agrícolas; - Apoio logístico: fornecimento de equipamento agrícola moderno e de meios de transporte para facilitar a distribuição dos produtos.
- Apoio financeiro: acesso a subsídios, empréstimos em condições favoráveis e incentivos fiscais para facilitar o investimento inicial e a manutenção das infra-estruturas agrícolas.
2. Incentivoaos funcionários públicos e aos profissionais: É fundamental incentivar os funcionários públicos e outros profissionais a participarem neste esforço nacional. Os incentivos podem incluir:
- Licença agro-pastoril: concessão de uma licença especial aos funcionários públicos que desejem investir em projectos agrícolas durante as suas férias; - Parcerias público-privadas: desenvolvimento de parcerias entre empresas e agricultores para apoiar a produção local e integrar os produtos locais nas cadeias de abastecimento.
3. Fins-de-semana trimestrais de consumo local: Instituir fins-de-semana trimestrais dedicados ao consumo de produtos locais. Tal poderia incluir :
- Mercados de produtores locais: organizar mercados onde os produtores locais possam vender os seus produtos diretamente aos consumidores.
- Campanhas de sensibilização: Promover os benefícios do consumo de produtos locais através de campanhas nos meios de comunicação social e de eventos comunitários; - Incentivos ao consumidor: Oferecer descontos ou benefícios para a compra de produtos locais durante estes fins-de-semana.
Incentivar os jovens e as comunidades locais
As férias escolares são uma oportunidade ideal para introduzir os jovens nas actividades agro-pastoris. Podem ser criados programas de sensibilização e formação para lhes ensinar técnicas agrícolas básicas, a importância da agricultura sustentável e os benefícios económicos e ambientais que esta traz. Eis algumas acções concretas a considerar
1. Workshops e formação: Organizar workshops práticos e sessões de formação sobre técnicas agrícolas e criação de animais. Estas sessões podem incluir visitas a explorações agrícolas, demonstrações de culturas e sessões de orientação com agricultores experientes.
2. Projectos de férias: Lançar projectos específicos de férias em que os jovens possam participar ativamente em actividades agrícolas, como a plantação, a manutenção das culturas e a criação de aves de capoeira.
3. Parcerias com as escolas: Trabalhar com as escolas para integrar programas agrícolas no currículo, de modo a que os alunos aprendam competências agrícolas práticas e teóricas.
4. Campanhas de sensibilização: Utilizar os meios de comunicação social e as redes sociais para sensibilizar os jovens e as suas famílias para a importância da agricultura local e para as oportunidades que esta oferece.
Benefícios a longo prazo
Investir na agricultura e incentivar os jovens a participarem pode ter muitos benefícios a longo prazo:
- Autossuficiência alimentar: Reduzir a dependência das importações e garantir um abastecimento alimentar estável;- Criação de emprego: Desenvolver a economia local e criar emprego nas zonas rurais.
- Sustentabilidade ambiental: Promover práticas agrícolas sustentáveis que protejam o ambiente e conservem os recursos naturais;- Educação e competências: Dotar os jovens de competências e conhecimentos práticos no domínio da agricultura, abrindo-lhes novas oportunidades de carreira.
Benefícios multidimensionais
Para o Estado :
- Redução das despesas de importação: Ao aumentar a produção local, a necessidade de importar produtos alimentares é reduzida, o que resulta em poupanças substanciais para o Estado.
-Estabilidade económica*: O reforço da agricultura nacional diversifica a economia e melhora a segurança alimentar, contribuindo para um crescimento económico mais estável e sustentável.
-Soberania alimentar*: Ao tornar-se mais autossuficiente, o Gabão reforça a sua independência e resiliência face às crises alimentares mundiais, garantindo um abastecimento alimentar contínuo à sua população.
Para os próprios actores (jovens, agricultores, profissionais):
- Acesso aos recursos e à formação: as iniciativas de apoio proporcionam aos agricultores e aos jovens conhecimentos e competências valiosos em matéria de técnicas agrícolas modernas.
- Oportunidades económicas: O desenvolvimento da agricultura local cria empregos e abre perspectivas empresariais, aumentando assim os rendimentos dos intervenientes.
- Valorização pessoal e contribuição para a comunidade: ao participarem ativamente na melhoria da segurança alimentar, os indivíduos reforçam o seu sentido de realização e o seu papel na sociedade.
Para a comunidade :
- Acesso a alimentos frescos e saudáveis: o aumento da produção local assegura uma maior disponibilidade de produtos alimentares de qualidade, melhorando a nutrição e a saúde dos consumidores.
- Coesão social: Os projectos cooperativos e as iniciativas comunitárias promovem a solidariedade e reforçam os laços sociais, criando um tecido social mais forte e mais coeso.
- Desenvolvimento rural: O investimento na agricultura local melhora as infra-estruturas e os serviços nas zonas rurais, contribuindo para o desenvolvimento económico e social destas regiões.
A promoção das actividades agrícolas e agro-pastoris é uma resposta eficaz à insegurança alimentar e à dependência económica das importações. Ao mobilizar os jovens, os funcionários públicos e a população local durante as férias escolares, podemos criar uma dinâmica positiva que reforçará a nossa autossuficiência alimentar e estimulará a economia local. Juntos, vamos fazer da agricultura uma prioridade nacional para um futuro mais seguro e próspero no Gabão.
Fonte: www.gabonews.com